terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A parábola relembrada

Depois da parábola do bom samaritano, ànoite, em casa de Simão, Tadeu,

sinceramente interessado no assunto, rogou ao Mestre fôsse mais explícito no
ensinamento, e Jesus, com a espontaneidade habitual, falou:
— Um homem enfermo jazia no chão, em esgares de sofrimento, às portas de
grande cidade, assistido por pequena massa popular menos esclarecida e
indiferente.
Passou por ali um moço romano de coração generoso, em seu carro apressado, e
atirou-lhe duas moedas de prata, que um rapazelho de maus costumes subtraiu às
ocultas.
Logo após, transitou pelo mesmo local um venerando escriba da Lei, que,
alegando serviços prementes, prometeu enviar autoridades, em benefício do
mendigo anônimo.
Quase de imediato, desfilou por ali um sacerdote que lançou ao viajante
desamparado um gesto de bênção e, afirmando que o culto ao Supremo Senhor
esperava por ele, exortou o povo a asilar o doente e alimentá-lo.
Depois dele, surgiu, de relance, respeitável senhora, a quem o pobre se dirigiu
em comovedora súplica; todavia, a nobre matrona, lastimando as dificuldades da
sua condição de mulher, invocou o cavalheirismo masculino, para aliviá-lo, como se
fazia imprescindível.
Minutos após, um grande juiz varou o mesmo trecho da via pública asseverando
que nomearia testemunhas a fim de saber se o mísero não seria algum viciado
vulgar, afastando-se, lépido, sob o pretexto de que a oportunidade lhe não era
favorável.
Decorridos mais alguns instantes, veio àcena um mercador de bolsa que,
condoído, asseverou a sua carência de tempo e deu vinte moedas a um homem que
lhe pareceu simpático, a fixa de que o problema de assistência fôsse resolvido, mas
o preposto improvisado era um malfeitor evadido do cárcere e fugiu com o dinheiro
sem prestar o socorro prometido.
O doente tremia e suava de dor, rojado ao pó, quando surgiu ali velho publicano,
considerado de má vida, por não adorar o Senhor, segundo as regras dos fariseus.
Com espanto de todos, aproximou-se do infeliz, endereçou-lhe palavras de
encorajamento e carinho, deu-lhe o braço, levantou-o e, sustentando-o com as próprias
energias, conduziu-o a uma estalagem de confiança, fornecendo-lhe
medicação adequada e dividindo com ele o reduzido dinheiro que trazia consigo.
Em seguida, retomou a sua jornada, seguindo tranqüilamente o seu caminho.
Depois de interromper-se, ligeiramente, o Mestre perguntou ao discípulo:
— Em tua opinião, quem exerceu a caridade legítima?
— Ah! sem dúvida — exclamou Tadeu, bem-humorado —, embora
aparentemente desprezível, foi o publicano, porqüanto, além de dar o dinheiro e a
palavra, deu também o sentimento, o tempo, o braço e o estímulo fraterno,
utilizando, para isso, as próprias forças.
Jesus, complacente, fitou no aprendiz os olhos penetrantes e rematou:
— Então, fase tu o mesmo. A caridade, por substitutos, indiscutivelmente é
honrosa e louvável, mas o bem que praticamos em sentido direto, dando de nós
mesmos, é sempre o maior e o mais seguro de todos.

Um comentário:

Tati Bonotto Cake Designer disse...

Eu amooo esses asuntos, eu sou da fraternidade!


Estou passando por aqui para conhecer novos blogs e para divulgar o meu!!

Quando puder passe por lá, vai ser prazer ter sua companhia!

www.tatidesignercake.blogspot.com