terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Os sinais da renovação


— E quando o Reino Divino estiver às portas dos homens, a alma do mundo
estará renovada.
O mais poderoso não será o mais desapiedado e, sim, o que mais ame.
O vencedor não será aquele que guerrear o inimigo exterior até à morte em rios
de sangue, mas o que combater a iniquidade e a ignorância, dentro de si mesmo,
até à extinção do mal, nos círculos da própria natureza.
O mais eloquente não será o dono do mais belo discurso, mas, sim, o que aliar
as palavras santificantes aos próprios atos, elevando o padrão da vida, no lugar
onde estiver.
O mais nobre não será o detentor do maior número de títulos que lhe conferem
a transitória dominação em propriedades efêmeras da Terra, mas aquele que
acumular, mais intensamente, os créditos do amor e da gratidão nos corações das
mães e das crianças, dos velhos e dos enfermos, dos homens leais e honestos,
operosos e dignos, humildes e generosos.
O mais respeitável não será o dispensador de ouro e poder armado e, sim, o de
melhor coração.
O mais santo não será o que se isola em altares do supremo orgulho espiritual,
evitando o contacto dos que padecem, por temer a degradação e a imundície, mas,
sim, aquele que descer da própria grandeza, estendendo mãos fraternas aos
miseráveis e sofredores, elevando-lhes a alma dilacerada aos planos da alegria e do
entendimento.
O mais puro não será o que foge ao intercâmbio com os maus e criminosos
confessos, mas aquele que se mergulha no lodo para salvar os irmãos decaídos,
sem contaminar-se.
O mais sábio não será o possuidor de mais livros e teorias, mas justamente
aquele que, embora saiba pouco, procura acender uma luz nas sombras que ainda
envolvem o irmão mais próximo...
O Amigo Divino pousou os olhos lúcidos na noite clara que resplandecia, lá fora,
em pleno coração da Natureza, fêz longo intervalo e acentuou:
—Nessa época sublime, os homens não se ausentarão do lar em combate aos
próprios irmãos, por exigências de conquista ou pelo ódio de raça, em tempestades
de lágrimas e sangue, porqüanto estarão guerreando as trevas da ignorância, as
chagas da enfermidade, as angústias da fome e as torturas morais de todos os matizes...
Quando o arado substituir o carro suntuoso dos triunfadores, nas exibições
públicas de grandeza coletiva; quando o livro edificante absorver o lugar da espada
no espírito do povo; quando a bondade e a sabedoria presidirem às competições
das criaturas para que os bons sejam venerados; quando o sacrifício pessoal em
proveito de todos constituir a honra legítima da individualidade, a fixa de que a paz e
o amor não se percam, dentro da vida — então uma Nova Humanidade estará no
berço luminoso do Divino Reino...
Nesse ponto, a palavra doce e soberana fêz branda pausa e, lá fora, na tepidez
da noite suave, as estrelas fulgentes, a cintilarem no alto, pareciam saudar essa era
distante...
Ante a assembléia familiar, o Mestre tomou a palavra e falou, persuasivo:

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